A casa de Jorge Zalszupin
A casa onde, há 52 anos, vive um dos mais importantes nomes do design brasileiro, o arquiteto Jorge Zalszupin, fica a um passo da rua-templo do design e da decoração em São Paulo, a Gabriel Monteiro da Silva, no Jardim América. "Ergui com duas pessoas, um pedreiro e um servente, durante mais ou menos nove meses. Eu não tinha dinheiro", conta o arquiteto e designer nascido na Polônia, de olhos azuis profundos, uma farta e alva cabeleira e elegância ímpar aos 90 anos de idade. "Eu morava numa casa alugada na Vila Nova Conceição, e o proprietário a quis de volta", diz. Por sorte, um dos clientes se propôs a pagar um trabalho com o terreno. Seus projetos arquitetônicos com linguagem orgânica eram sempre realizados em parceria com o espanhol Pepe, um superpedreiro que entendia tudo sem precisar de desenho. "Fiz uma casa na praia em que toda a parede era torta e ainda inclinada e depois desinclinava e inclinava de novo. Enfim, não dava para desenhar", conta. E o Pepe realizava. Já os móveis, que lembram o design moderno escandinavo, ele começou a desenhar por necessidade. "Depois que a casa ficava pronta, os clientes pediam o mobiliário. Na época, não havia onde comprar", conta Zalszupin, acomodado na área preferida da casa, seu pequeno quarto. "Não gosto de grandes espaços. Gosto de lugares calorosos, que me dão segurança, com todos os lados em volta de mim protegidos, para ter liberdade para pensar. É um sentimento que vem da infância, provavelmente ligado à guerra", diz. O arquiteto nasceu em Varsóvia, de onde fugiu para a Romênia após a invasão pelo exército nazista. Passada a Segunda Guerra, morou na França e então emigrou para o Brasil, em 1949.
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