Especial Jeito de Morar: Casas do Brasil
A casa de Christine Caterina, em São Paulo, resume a importância que a música tem na sua vida – na da família toda, aliás. Dona de uma agência de comunicação, Chris, 43 anos, tem inúmeras referências roqueiras em todos os cômodos da casa, seja em formato de pôsteres, fotografias, capas de discos ou letras de músicas. Ela e o marido, Emmanuel, se conheceram em um show da banda Replicantes e começaram a namorar em um show do Pearl Jam. O pedido de casamento e a festa também contaram com bandas ao vivo. A musicalidade se estende ainda para o quarto e o banheiro dos filhos, Thomas, 7 anos, e Otto, 1 e meio.
Três quadras separam a linda casa de Helena Augusta de seu escritório de assessoria de imprensa, que cuida da comunicação de mais de 20 marcas ligadas a moda e lifestyle. Outras três a separam da casa de sua mãe e cinco quadras é a distância que seu marido, o arquiteto americano Fabio Storrer, percorre diariamente para ir ao trabalho. Tudo em Pinheiros, São Paulo. “Temos um carro e quatro bicicletas”, conta. É tão fácil ir do trabalho para casa que Helena ainda amamenta o caçula, Tom, 9 meses, e acode qualquer imprevisto de Mathias, 5 anos. “Não gostaria de ser só dona de casa, mas não ter tido licença-maternidade fez falta”, pondera.
A designer de interiores Ana Mouawad Queiroga, 31, não gosta de desperdício. Nem de bens materiais nem de dinheiro. A maior prova disso é o simpático sobrado que ela reformou aproveitando ao máximo os materiais existentes na casa e decorou com móveis garimpados em lojas de decoração acessíveis, como Tok&Stok e Etna. “Na minha área tem muita gente deslumbrada, que gosta de ostentar, que não está nem aí para a sustentabilidade. A minha casa e as casas que faço dizem o que os moradores são, e não o que está na moda”, explica.
Todo fim de semana é sagrado. Quando não há compromisso inadiável, a família da produtora de cinema Bianca Villar, 42 anos, desce a serra, onde construiu um refúgio numa reserva ambiental, no litoral sul paulista. Projetada pelo cunhado de Bianca, o arquiteto carioca Beto Figueiredo, a casa foi construída em um terreno difícil, uma encosta no meio da Mata Atlântica, onde a natureza é exuberante, mas intensa para conviver: umidade, maresia, muita chuva, muito sol e a fauna de pássaros e insetos batendo à porta. Em vez de fazer uma caixa de concreto, como muitos dos vizinhos, a família optou por desenhar uma casa integrada à natureza. As esquadrias de madeira garantem janelões para ventilação cruzada, e a estrutura de madeira, solta do solo, evita infiltrações e mofo. Os quartos, no andar superior, recebem luz solar direta e estão sempre “secos”.
Na casa da nova-iorquina Lina Miranda, 40 anos, sempre tem um bolo. Ou cookies, muffins, cupcakes, bagels... Todos feitos por ela na cozinha (literalmente) americana. “Adoro cozinhar, faço o jantar todos os dias, chamo muitos amigos”, conta. A arquiteta e designer de tapetes mudou-se para o Brasil após conhecer o marido brasileiro, Carlos Lima, 52, quando ele fazia negócios nos EUA. O começo foi duro. Não por causa do trânsito ou do barulho. Como boa nova-iorquina, isso tudo era uma bênção. “Mas meu telefone não tocava... Deixei nos Estados Unidos muitos amigos, um emprego, minha família e me senti muito sozinha. Chorei todos os dias por um ano”, relembra. Mas logo engravidou da primeira filha, Paris, hoje com 7 anos, abriu a empresa Square Foot, de tapetes tibetanos e indianos exclusivos, encarou a reforma da casa retratada nestas páginas e fez seus novos e bons amigos.
Desde que se mudou para Higienópolis, 15 anos atrás, a maranhense Fawsia Borralho, 47, namorava o edifício Domus, um prédio imponente dos anos 70 carinhosamente apelidado de “prédio bolo” e “navio” pelos moradores da região, por causa da sua forma arredondada. Há cinco anos, enquanto fazia a mão em um salão do bairro, ficou sabendo que uma unidade estava à venda. “Tinha acabado de dar sinal em outro apartamento. Saí de lá, resgatei o sinal e consegui arrematar minha casa!”
O croqui inicial da casa da arquiteta Vanessa Féres, 36 anos, foi feito em um papel de carta de hotel. Era a lua de mel do casal e, enquanto o marido, o executivo Marcelo Ferraz de Marinis, 44 anos, dormia, Vanessa desenhava o que seria a casa onde hoje mora com a família. “Meu processo de criação funciona muito internamente. Vou juntando referências emocionais, racionais, práticas e elaborando aos poucos. Quando sento para desenhar, o projeto vem, parece que já estava pronto. Foi assim com a nossa casa. Quando meu marido acordou não acreditou no que viu”, recorda.
A carioca Joana Mendes, 35 anos, sentia que estava no lugar errado quando trabalhava com comércio internacional, balanço, câmbio. Era boa profissional, mas seu coração não batia forte. “Moro sozinha desde os 25 e minhas casas sempre foram fofas, todo mundo dizia que eu devia trabalhar com isso”, conta.
Se não fosse atriz, a carioca Fernanda Nobre, 28 anos, bem que poderia ser arquiteta – ou empreiteira. “Sempre quis ter uma obra na minha vida”, diz a apaixonada por revistas de decoração e entendida no assunto. O apartamento na Gávea, no Rio de Janeiro, onde mora com o marido, o também ator Gabriel Gracindo, contava com todos os quesitos para ser a cobaia perfeita: era deles, antigo e tinha alguns revestimentos para serem trocados.
Dois anos de reforma. Esse foi o tempo que levou para a jornalista Tatiana Hamann Murat, 36 anos, transformar a casa de vila nos Jardins que havia ganhado dos pais. A amiga e arquiteta Beatriz Nachtergaele apresentou dois projetos: uma reforma simples, que mantinha o mesmo layout da casa, e outra radical, que incluía a escavação de subsolo para criação de um piso a mais – abaixo do nível da rua –, quebra das paredes e uma nova fundação. Tatiana respirou fundo e se jogou na opção mais ousada. Apesar dos contratempos da obra ela não se arrepende, mas aprendeu a lição: megarreforma, nunca mais!
Linhas retas, simetria e unidade. Esse é o conceito do apartamento de Camilla Barella, 27 anos, no bairro do Itaim, em São Paulo. Além de o mesmo piso percorrer todos os ambientes do imóvel de 280 metros quadrados, a cor cinza inicialmente nas paredes do quarto de hóspedes tomou conta de tudo. Em nome da unidade, nenhum puxador foi usado nos armários, assim como sofá e poltronas, desenhados por Camilla e o marido, o empresário Eduardo Barella, ganharam pés ocultos.
Na casa onde moram a restauratrice Danielle Dahoui, 42 anos, e a filha Noáh, 6, as cores são um capítulo à parte. O rosinha da fachada foi escolhido pela menina: “Ela sempre quis morar em uma casa rosa, mas não dava para pintar o prédio inteiro em que morávamos antes, não é?”, diverte-se a mãe. Para dar boas-vindas a quem chega, a entrada foi decorada com papéis de parede antigos – presentes de uma amiga – e imagens que ela e a filha gostam: é que Danielle acredita que o belo espanta coisas ruins.
Renata Passarelli instalou um sistema eletrônico de irrigação no jardim, mas, sempre que pode, ela mesma faz o serviço. “Adoro poder cuidar das plantas. É quando sinto que não estou em São Paulo”, conta a designer. O apartamento da paulistana fica no térreo do prédio, no bairro da Vila Madalena, e ocupa o espaço onde tradicionalmente seria o salão de festas. Com 370 metros quadrados – 205 só de área externa –, ela conseguiu aliar o conforto de uma casa com a segurança de um prédio, como queria.
Conseguir apartamentos no bucólico bairro do Humaitá, no Rio de Janeiro, é quase uma missão impossível. Concorridíssimos e alugados no boca a boca, nunca chegam a ser anunciados em jornais, nem mesmo se veem placas de aluga-se. Com Mirna não foi mais fácil: ela esperou quatro anos até receber o telefonema de uma amiga, nascida no bairro, indicando um apartamento que estava vagando, numa rua fechada povoada mais por casas do que prédios. “Aluguei o apartamento com a ex-inquilina ainda morando, para você ter uma ideia. Encontrar casa no Rio é uma guerra, tudo é apertado e caro”, conta ela. A espera, porém, valeu a pena. Uma joia de apê com três quartos, encravado na floresta da Tijuca. Com 3 metros de pé-direito, a construção tem fundos para um parque e um quintal – privilégio do primeiro andar – que ocupa 70 dos 210 metros quadrados totais. Cheio de bichos, passarinhos e até macacos, o quintal pode ser visto da parede de vidro da sala, e é onde o filho, Matias, 7, brinca com os colegas da escola ou onde o casal recebe amigos para tomar um vinho sentindo a brisa da noite. “Gosto muito do silêncio absoluto das noites e da possibilidade de criar meu filho em um apartamento que parece uma casa, mas que tem o conforto e a segurança de um prédio.”
A casa de Camilla e Tiago Guimarães já viveu grandes mudanças. A primeira foi logo que Tiago comprou o sobrado de 160 metros quadrados, da década de 70, no Jardim Paulistano. O relacionamento dos dois ainda engatinhava, mas ele chamou a namorada arquiteta para tocar a reforma. Como trabalhava no escritório de Gui Mattos, Camilla projetou e acompanhou a obra nos períodos de folga – e fez muita coisa mudar. Por exemplo, trocou os revestimentos do banheiro e da cozinha e a maioria dos armários da casa. Mas o grande desafio foi convencer a futura sogra (que presenteou o filho com a reforma) a usar esquadrias de madeira, mais bacanas – e mais caras. “Insisti com ela, regateei com o fornecedor e deu certo!”, conta.
Sexta-feira à noite, biquínis na mala, prancha e crianças no carro. Essa cena se repete quase todos os fins de semana, rumo à praia de Taguaíba, no Guarujá, litoral sul de São Paulo. Nos 2.600 metros quadrados de terreno, a casa se mistura com as árvores antigas da mata e com as alpineas, helicônias e bananeiras do jardim. “A nossa ideia sempre foi desviar das árvores e valorizar tudo que restava de mata atlântica”, explica a designer de joias Vera Moraes. O projeto é assinado pelo arquiteto Carlos Motta, que, em pouco mais de um ano, período que durou a obra, se tornou amigo do casal.
Fim dos anos 90. A jovem Constança Basto, então estudante de comunicação social, estava noiva e visitava com sua mãe uma cobertura na Gávea, num predinho antigo rodeado de verde, silencioso e iluminado. Apaixona-se pelo lugar. É ali que pretende morar para sempre. A mãe desaconselha: é um lugar pequeno para uma família que pode crescer a qualquer momento. Treze anos depois, encontramos a designer de sapatos naquela mesma cobertura, solteira e feliz. “Uma grande amiga acabou vindo morar aqui cinco anos depois de eu ter me apaixonado pelo lugar. Na semana em que me separei do meu ex-marido, essa amiga me convidou para o bota-fora de sua casa. O apartamento ficaria vago!”, relembra. Ao tomar posse – com um pouco de atraso – do espaço que sempre esteve reservado a ela, Constança pouco precisou fazer: uma mão de pintura nas paredes e sinteco no chão. Era só isso que a cobertura de 85 metros quadrados pedia. Mas, ao chegar com a mudança, percebeu que a falta de armários seria um problema. Decidiu, então, chamar um marceneiro para instalar prateleiras em lugares estratégicos e as encheu com cestos de palha que escondem a bagunça. O resto da decoração veio do antigo apartamento, de alguns móveis herdados e de antiquários do Rio de Janeiro. Dois anos depois da mudança, Constança aproveita o pouco tempo de descanso da rotina de quase 12 horas diárias de trabalho para curtir seu apartamento com ares de casa de boneca. Nos fins de semana, adora ouvir música, olhar as revistas de moda na poltrona listrada e pensar nas próximas coleções. “Sou quieta, não sou festeira, para me tirar de casa no fim de semana só mesmo um supercinema. Esse lugar é perfeito, arejado, cheio de vidros, sem barulho nenhum. É o meu refúgio”, finaliza.
Quando se separou do primeiro marido, oito anos atrás, a estilista e arquiteta Isabella Giobbi começou a procurar uma nova morada. Não queria ficar em uma casa sozinha com sua filha Allegra, na época com 6 anos. Foi então que percebeu como é difícil encontrar um apartamento novo e bacana na cidade de São Paulo. "Tudo era tão cafona e mal projetado, eles querem colocar quatro suítes em 100 metros quadrados, um horror!" Uma amiga disse a ela que havia visto um apartamento antigo à venda, em um prédio anos 50 na rua Oscar Freire, nos Jardins. Assim que entrou no imóvel, de 280 metros quadrados, foi amor à primeira vista: "Quando vi aquele chão de marchetaria original, o janelão iluminado e a vista, sabia que o apartamento tinha que ser meu”, pensou. "Os banheiros antigos, com vaso verde e parede azul, e a copa, eu reformo depois."
Brócolis tinha sumido entre trepadeiras, sapatinhos-de-judeu e roseiras, e Gregório, 3 anos, estava louco para encontrá- lo. Brócolis, o jabuti, é mais um entre os seis integrantes da família de Carolina Maluhy, que ainda inclui seu marido, o filho Alec, 6, e uma dachshund, que adora o jardim. A arquiteta, que pretende se mudar daqui a dez meses para a casa que está construindo, se ressente quando pensa em deixar suas plantas para trás. “Queria poder levá-las comigo. Eu que plantei tudo e elas só ficaram bonitas conforme o tempo foi passando. Hoje o quintal é meu lugar preferido”, revela. Há três anos e meio na casa alugada no Jardim Paulistano, em São Paulo, ela se encantou pelo projeto do imóvel assim que passou pela porta. Original dos anos 60, o projeto do arquiteto Rodolfo Odebrecht tem materiais mais simples, como madeira sem acabamento e pisos frios. “E, por ser antiga, ela tem uma história, tem mais vida”, observa.
A ideia de morar numa espécie de caixa gigante, em formato de “u”, foi do marido de Giovana Gregolin, o publicitário Rodrigo Leão. Assim, eles poderiam ter a visão de todos os cômodos de onde estivessem. Foi a partir do projeto da arquiteta Silvia Carmesini que o conceito saiu do papel, e a construção localizada no Alto de Pinheiros, bairro nobre de São Paulo, ganhou grande parte das paredes envidraçadas e portas de correr. “Quando compramos, demolimos a casa antiga e construímos uma do zero, com a nossa cara”, lembra Giovana, 35 anos, fotógrafa e sócia da marca Ilya. E os 400 metros quadrados de área construída mais os 320 da parte externa foram totalmente integrados.
Fonte: Trip Casas
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